Andava na Fnac a ver as novidades e este livro despertou-me a atenção.
Sentei-me a ler a sinopse e fiquei logo viciada na história e comprei-o na hora.
No nordeste dos Himalaias, numa casa isolada no sopé do monte Kanchenjunga, vive Jemubhai, um velho juiz amargurado, que tudo o que quer é reformar-se em paz, na companhia da única criatura a quem é capaz de dar algum afecto, a cadela Mutt. No entanto, a chegada inesperada da neta órfã, Sai, vai abalar o seu sossego, obrigando-o a remexer as suas memórias e a repensar a sensação de estranheza na própria pátria. Tudo isto se acentuará com o romance entre Sai e Gyan, o seu explicador de matemática, um nepalês que se envolve numa revolta que alterará inquestionavelmente a vida de Jemubhai.A serenidade da vida do juiz contrasta com a existência do filho do seu cozinheiro, Biju, que saltita sucessivamente de restaurante em restaurante, em Nova Iorque, à procura de emprego, numa fuga constante aos Serviços de Imigração. Julgando que o filho leva uma vida boa e que acabará por vir resgatá-lo, o cozinheiro vai arrastando os seus dias.
Neste magnífico romance, vencedor do Booker Prize 2006, Desai como que cria uma tapeçaria em que todas as personagens partilham uma herança comum de impotência e humilhação. E, com uma mestria sublime, consegue, ao longo de toda esta poderosa saga familiar, deixar sempre em aberto um desfecho de esperança ou de traição.
Numa escrita inesgotavelmente rica e complexa, com rasgos de exotismo, a autora retrata temas tão actuais como a globalização, o colonialismo, o racismo, o abismo entre pobres e ricos e a imigração.
Se não tiverem nada para ler, aproveitem e façam uma viagem pelo nordeste dos himalaias!
ai...impossivel... já tenho 3 na fila de espera!!! :o/
ResponderEliminar(isto tá diferente - e giro - até me assustei a pensar "quem raio eras tu"! :oD )
BJss
Ana,
ResponderEliminarDesculpe intrometer-me num universo
tão bonito quanto o seu e isso jus-
tifica as visitas silenciosas. Só uma ou duas vezes escrevi impres-
sões, mas volto na mesma, a comu-
nicação também se faz assim.
Desta vez a marca fica, porque es-
ta temática de «A Herança do Vazio»
é uma coisa que faz parte da minha
cultura através de livros que rece-
bo do meu pai e que hoje são raros.
Além da filosofia Rosa Cruz, e de outras procuras como a do absoluto,
algumas visões utópicas do homem e
da sua busca (o que está implícito
no livro que sintetiza)criam-nos a ideia de uma possibilidade de per-
manência (a proposta racionalista
de Cooper parte da nossa própria tecnologia). É esta ideia, no fun-
do que você alimenta com a montanha
e a escalada, desporto que implica
a superação da nossa fronteira bio-
lógica e psicológica, o que envolve
a ideia do «além», chegar a um lu-
gar fora dos lugares.
Não pude deixar de espreitar as fotografias e senti, em si, não a
ideia do radical mas a beleza da-
quela superação que as congreções
no Tibet tenta conseguir levando a
razão a «transmigrar» para um esra-
do da «imanência».
Gostei muio.
Felicitações
Rocha de Sousa